As usinas termelétricas (UTE) no Brasil são responsáveis pela geração da energia elétrica que vem através de qualquer produto que possa gerar calor, mas como ficam as emissões de gases de efeito estufa nessa história? Veja neste artigo:
- Usinas termelétricas no Brasil: entenda a dinâmica;
- Gás natural resulta em menos emissões de carbono;
- Termelétricas dão estabilidade ao setor elétrico;
- As vantagens da energia termelétrica;
Usinas termelétricas no Brasil: entenda a dinâmica
A dinâmica das UTEs consiste em emitir a energia em questão através de diversos combustíveis, que se transformam em energia utilizável.
As principais matérias-primas usadas na geração são: carvão natural, gás natural e petróleo. A lista também inclui o bagaço de diferentes tipos de plantas, restos de madeira, óleo combustível, óleo diesel e urânio enriquecido.
É importante destacar que não existe nenhuma energia completamente limpa, mas apesar disso, o planejamento do setor energético está a cada dia mais sendo revisitado. A prova disso é que na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC COP 28), que ocorreu em novembro e dezembro de 2023, o governo brasileiro ocupou uma posição de destaque nas negociações, promovendo resultados positivos e consolidando a volta de uma política ambiental no país.
Uma vez que o setor está orientado pela motivação de causar menos danos ao meio ambiente e pensando em sustentabilidade, uma UTE se destaca das demais.
A afirmação acima é do professor Fernando Caneppele, especialista em energias renováveis da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do uso de inteligência artificial no mercado elétrico, que declarou que o gás naturalé a principal fonte de transição para garantir o fornecimento energia firme atualmente.
Gás natural resulta em menos emissões de carbono
Ao final de 2023, o deputado Félix Mendonça Júnior, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), destacou que o gás natural é uma fonte de energia primária amplamente disponível, com custos competitivos e emissões de carbono (CO2) mais baixas em comparação com outros combustíveis fósseis.
Há um tempo no Brasil, era levado em conta a ideia de que as reservas nacionais de gás natural eram pouco expressivas para atender ao mercado potencial energético, principalmente se considerado o uso na geração de energia elétrica.
Nesse cenário, o país importava o gás da Bolívia – um movimento que reverteu às expectativas.
As informações são do Plano Nacional de Energia (PNE 2030), um estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos realizado no âmbito do Governo brasileiro, conduzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e com vinculação com o Ministério de Minas e Energia (MME).
O PNE 2030 destaca ainda que o consumo de gás natural no país tem se expandido rapidamente nos últimos anos. Apesar do contexto atual, o insumo já se mostrava como uma tendência robusta e competitiva ao fim dos anos 80 – quando o consumo de energia no mundo ainda estava muito concentrado no petróleo e no carvão.
Em substituição a esses recursos energéticos, o gás apresentava uma vantagem ambiental significativa, implicando em uma redução nas emissões de CO2 de cerca de 20 a 25% menos do que o óleo combustível e 40 a 50% menos que os combustíveis sólidos como o carvão.
Além disso, quando o gás era utilizado em equipamentos adaptados e adequados para sua queima, isso resultava em uma eliminação da emissão de óxido de enxofre, fuligem e materiais particulados, enquanto as emissões de CO2 poderiam ser relativamente bem controladas.
Em um panorama mundial, o uso do gás natural na geração de energia elétrica experimentou grande avanço nos últimos 30 anos.
É válido destacar que as Companhias vão de encontro com a perspectiva e investem no gás natural. É o caso da Eneva, que ao fim do mês de junho declarou em comunicado ao mercado, que assinou um contrato para fornecimento de gás natural para uma usina termelétrica da Linhares Geração, com valor estimado em R$ 1,2 bilhão.
O contrato prevê suprimento de volumes de até 1,07 milhão de metros cúbicos por dia de gás, na modalidade 100% flexível, e com entrega a partir de 1º de julho de 2026.
Termelétricas dão estabilidade ao setor elétrico
Nivalde de Castro, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), sinalizou a importância das usinas termelétricas para a estabilidade do suprimento de energia no Brasil.
Em entrevista ao Valor Econômico, o especialista explicou que o sistema elétrico é instável, representando um desafio para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que precisa orquestrar o mix de todas as fontes de energia para atender à demanda em tempo real.
Nesse contexto, as termelétricas são fundamentais, pois o seu funcionamento está sob o controle humano, de forma que não depende de fatores naturais como água, sol, vento e chuva.
As vantagens da energia termelétrica
As usinas termelétricas podem ser instaladas em localidades próximas às regiões de consumo. Dessa forma, os custos também podem ser menores, uma vez que a necessidade de linhas de transmissão é menor.
As UTEs também saem na frente quando o assunto é suprir carências de energia rapidamente. Em casos de escassez de recursos naturais ou dificuldade de acesso, este tipo de energia atende de forma mais ágil do que outras fontes de geração. As termelétricas também representam uma alternativa viável para países e regiões que não possuem fontes de energia disponíveis.
Xisto Vieira, presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), acredita que este tipo de energia chegou para ser uma espécie de suprimento para a intermitência das fontes renováveis.
“Se não tivesse a geração térmica, teríamos que fazer desligamento de carga, o que é contra todos os princípios de suprimento de energia. Isso mostra a importância dessas usinas para segurança do sistema”, alertou em entrevista ao podcast Transição Energética, do canal ND+.